Investir na saúde mental dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social ou de preenchimento da pauta ESG, mas uma estratégia inteligente para melhorar o desempenho organizacional.
Nos ambientes de trabalho modernos, a busca por eficiência e sucesso organizacional tem levado muitas empresas a repensarem suas estratégias de gestão de pessoas. Um dos aspectos mais discutidos atualmente é a importância do bem-estar emocional dos colaboradores.
O Brasil tem a maior taxa de ansiedade no mundo, afetando 9,3% da população, cerca de 18,6 milhões de pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Embora frequentemente subestimado, o bem-estar emocional é um fator que impacta diretamente a produtividade e o sucesso das organizações. Esta relação pode ser analisada sob diversos ângulos, revelando a necessidade de integrar políticas de saúde mental e apoio emocional como pilares das estratégias corporativas.
Identificando o perigo
No ambiente de trabalho, a ansiedade e o estresse podem ter consequências profundas, afetando tanto o bem-estar dos colaboradores quanto o desempenho das empresas. De acordo com uma pesquisa publicada pelo Health and Safety Executive (HSE), o estresse, a ansiedade e a depressão são responsáveis por mais da metade de todas as ausências por doença relacionadas ao trabalho.
Quando essas doenças não são reconhecidas e tratadas adequadamente, elas podem comprometer (e muito) a produtividade, a qualidade das relações interpessoais e o clima organizacional. Funcionários ansiosos, por exemplo, tendem a ter dificuldades em concentrar-se, tomar decisões e lidar com prazos, o que leva ao aumento de erros, retrabalho e baixa eficiência.
Além disso, a ansiedade pode ser um gatilho para o absenteísmo, pois trabalhadores que sofrem desses transtornos muitas vezes se afastam por questões de saúde ou acabam pedindo afastamento por longos períodos, o que afeta diretamente o fluxo de trabalho e sobrecarrega outras equipes.
Outro efeito frequente é o dito presenteísmo, quando o colaborador está fisicamente presente, mas mentalmente desconectado, não conseguindo desempenhar suas funções de forma eficaz, o que acaba prejudicando metas e a qualidade da equipe.
Um estudo da Bank One nos Estados Unidos mostrou que apenas 24% dos custos totais relacionados à saúde dos trabalhadores eram gastos diretos, como despesas médicas e tratamentos. A maior parte dos custos (76%) vinha de fatores indiretos, como licenças por doença (7%), faltas no trabalho (6%) e, principalmente, presenteísmo (63%).
A revolução nos benefícios tradicionais nas empresas
Os benefícios corporativos começaram a ser incorporados nas empresas brasileiras no início do século XX, mas foi com a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, que muitos direitos e benefícios passaram a ser garantidos legalmente. Inicialmente, esses benefícios eram focados em questões essenciais, como férias remuneradas, décimo terceiro salário e vale-transporte.
No período pré-CLT, muitos trabalhadores tinham longas jornadas de trabalho, que chegavam a até 14 horas por dia, sem direito a descanso remunerado ou férias. A falta de regulamentação deixava os trabalhadores vulneráveis a demissões arbitrárias e à exploração, com pouco ou nenhum suporte financeiro para lidar com imprevistos.
Além disso, a maioria dos empregos não oferecia nenhuma proteção em termos de segurança no trabalho, planos de saúde, ou qualquer forma de apoio fora do ambiente laboral. Consequentemente, gerava um impacto emocional significativo, uma vez que o foco quase exclusivo no trabalho comprometia a qualidade de vida e o tempo com a família, levando a altos níveis de estresse e fadiga.
O foco inicial em benefícios básicos trouxe mais estabilidade e proteção, mas a verdadeira virada ocorreu quando as empresas começaram a enxergar a importância saúde mental dos colaboradores e a satisfação geral do trabalhador.
Nos anos 1980 e 1990, com a evolução das políticas de recursos humanos, houve uma mudança gradual para incluir benefícios voltados ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, como planos de saúde e odontológicos. Tudo isso representava um movimento em direção a uma visão mais holística do colaborador, que deixava de ser visto apenas como um recurso produtivo e passava a ser encarado como uma pessoa com múltiplas necessidades, inclusive emocionais.
A saúde mental dos colaboradores em foco
A entrada de novos conceitos, como programas de qualidade de vida e o crescente reconhecimento da importância da saúde mental dos colaboradores, culminou na adoção de práticas inovadoras para apoiar os colaboradores fora do ambiente de trabalho. Esse movimento ganhou força nos anos 2000, especialmente com a chegada da Geração Y e Z, que trouxeram uma nova demanda por flexibilidade, qualidade de vida e propósito no trabalho.
Relatório Global de Benefícios Corporativos da MetLife (2022) mostrou que 74% dos funcionários que têm acesso a benefícios focados no bem-estar emocional relataram maior lealdade à empresa, e 68% afirmaram que esses benefícios os ajudam a gerenciar o estresse.
Além disso, empresas que investem em saúde mental veem uma média de retorno de investimento de 5,3 para 1, o que significa que, para cada dólar investido, elas recuperam mais de cinco dólares devido à redução do absenteísmo, aumento da produtividade e menor rotatividade de funcionários. As informações são da empresa de auditoria Deloitte.
Deu para perceber que a saúde mental dos colaboradores tem um impacto direto no desempenho, na satisfação e na lealdade à empresa, além de influenciar na cultura organizacional e nos resultados financeiros, né?!
Aqui estão alguns motivos pelos quais empresas que priorizam a saúde mental dos colaboradores se destacam:
1. Aumento da produtividade
É um fato, que sempre batemos na tecla por aqui na Onhappy, colaboradores mentalmente saudáveis são mais engajados e produtivos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão e a ansiedade custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade, e investimentos em saúde mental podem aumentar a produtividade em até 12%.
A saúde mental afeta diretamente a capacidade de concentração, criatividade e tomada de decisão. Oferecer suporte psicológico e reduzir fatores de estresse no trabalho criam um ambiente onde os funcionários se sentem mais motivados e capazes de dar o melhor de si.
2. Redução de absenteísmo e presentismo
Problemas de saúde mental, como estresse crônico, ansiedade e depressão, estão entre as principais causas de absenteísmo (faltas ao trabalho) e presentismo. Empresas que investem em programas de saúde mental conseguem mitigar esses impactos, reduzindo as ausências e aumentando o foco no trabalho.
O relatório da Deloitte revelou que empresas que promovem a saúde mental têm 35% menos absenteísmo e um retorno de investimento (ROI) de 4 a 1, ao reduzir os custos associados ao absentismo.
3. Maior retenção de talentos
A pesquisa da autraliana McKinsey mostrou que 60% dos colaboradores consideram a saúde mental como um fator crucial ao decidir permanecer em uma empresa, e que empresas com programas sólidos de bem-estar têm 20% mais retenção de talentos.
Funcionários que sentem que suas necessidades emocionais e psicológicas são respeitadas e atendidas tendem a se sentir mais leais e satisfeitos com o emprego.
4. Melhoria do clima organizacional e da cultura
Empresas que cuidam da saúde mental dos colaboradores criam um ambiente de trabalho mais positivo, colaborativo e acolhedor.
Quando os funcionários sentem que têm o suporte necessário para gerenciar o estresse e as demandas da vida pessoal e profissional, o clima organizacional melhora, e isso contribui para a formação de uma cultura corporativa forte, baseada em respeito, empatia e confiança.
5. Redução de Custos Relacionados à Saúde
Problemas de saúde mental frequentemente resultam em problemas físicos, como doenças cardíacas, hipertensão e distúrbios do sono, aumentando os custos com assistência médica. Programas de prevenção e tratamento da saúde mental podem reduzir significativamente os gastos com saúde, promovendo uma força de trabalho mais saudável e menos propensa a adoecer.
Viu por que falei que investir na saúde mental dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social; é também uma estratégia inteligente de negócios?
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