Em um ambiente corporativo marcado por constantes mudanças, alta complexidade e necessidade de inovação, a segurança psicológica emerge como um elemento central para o sucesso das equipes e organizações. Este conceito, amplamente estudado e debatido, está relacionado à criação de um espaço seguro para que os indivíduos possam se expressar, colaborar e assumir riscos sem medo de julgamento ou represálias.
Desde as primeiras pesquisas sobre o tema, como as realizadas por William Kahn na década de 90, a segurança psicológica tem se mostrado uma ideia importante para promover o engajamento no trabalho, a aprendizagem coletiva e a eficácia das equipes. Ela não apenas reduz barreiras comportamentais, como o medo e a ansiedade, mas também cria as condições necessárias para que os colaboradores invistam plenamente seu potencial físico, emocional e cognitivo no desempenho de suas funções.
Neste artigo, exploraremos o conceito de segurança psicológica, sua relação com os comportamentos de aprendizagem em equipe e os fatores que contribuem para sua construção no ambiente organizacional.
Afinal, o que é segurança psicológica?
A segurança psicológica é um conceito fundamental no ambiente organizacional moderno, especialmente em contextos que demandam inovação, aprendizagem contínua e adaptabilidade.
Em termos mais técnicos, a segurança psicológica pode ser definida como uma crença tácita compartilhada pelos membros de uma equipe de que o ambiente é seguro para assumir riscos interpessoais. Essa segurança envolve a confiança de que os indivíduos podem se expressar sem medo de serem julgados negativamente, repreendidos ou marginalizados.
Em 1990, William Kahn explorou o conceito de segurança psicológica em sua relação com o engajamento (engagement) no trabalho. Para Kahn, o engajamento no trabalho envolve o investimento físico, cognitivo e emocional dos indivíduos em suas atividades profissionais. No entanto, ele argumenta que esse envolvimento depende de um conjunto de condições psicológicas, entre as quais a segurança psicológica é central.
A pesquisa de Kahn demonstrou uma relação estatisticamente significativa entre segurança psicológica e engajamento no trabalho. Quando os colaboradores se sentem seguros para se expressar e arriscar em suas interações, eles estão mais dispostos a investir energia e emoções no desempenho de suas tarefas, o que resulta em maior dedicação, criatividade e produtividade.
Fatores que influenciam a segurança psicológica
Kahn identificou quatro fatores principais que impactam diretamente a segurança psicológica dentro das organizações:
- Qualidade das relações interpessoais: Relações respeitosas e de apoio entre colegas criam um ambiente em que os indivíduos sentem-se valorizados e compreendidos.
- Dinâmica grupal e intergrupal: Equipes com alta coesão e uma dinâmica positiva de colaboração promovem um clima de confiança e abertura.
- Estilo de gestão: Líderes que demonstram empatia, transparência e valorizam a opinião dos colaboradores contribuem significativamente para a construção de um ambiente seguro psicologicamente.
- Normas organizacionais: Empresas com culturas que incentivam a troca de ideias, valorizam a diversidade e não penalizam erros honestos promovem a segurança psicológica em todos os níveis hierárquicos.
Contribuições da segurança psicológica para uma equipe
Quando os membros de uma equipe sentem que podem expressar ideias, levantar preocupações ou admitir erros sem receio de retaliações, cria-se um espaço propício à inovação e à melhoria contínua. O que incentiva:
- Discussões abertas: Facilita o compartilhamento de perspectivas diversas.
- Resolução colaborativa de problemas: Estimula a busca conjunta por soluções criativas.
- Experimentação: Promove a tentativa de novas abordagens sem o medo do fracasso.
A relação entre segurança psicológica e a eficácia da equipe é reforçada por sua influência na coesão e no desempenho. Em equipes em que essa segurança está presente, observa-se uma maior disposição para colaborar, aprender e adaptar-se às mudanças, resultando em melhores resultados tanto para a equipe quanto para a organização.
Outro ponto é que quando as pessoas percebem que suas vozes serão ouvidas e que o erro é visto como parte do processo de aprendizado, a ansiedade ligada a qualquer insegurança diminui. Essa sensação faz com que os colaboradores se engajem de forma proativa no processo de transformação, contribuindo com ideias e adotando comportamentos alinhados aos novos objetivos organizacionais.
Quais os problemas de uma equipe com medo?
A falta de segurança psicológica pode levar ao estresse e à exaustão emocional, uma vez que os colaboradores precisam constantemente “pisar em ovos” para evitar críticas ou retaliações.
Quando uma equipe opera sob uma cultura de medo, o impacto negativo é significativo e pode comprometer tanto o bem-estar dos colaboradores quanto os resultados organizacionais. O medo, como uma barreira psicológica, inibe a expressão, a colaboração e a criatividade, levando a uma série de consequências prejudiciais.
Por outro lado, um ambiente seguro psicologicamente promove:
- Redução da Exaustão: Os colaboradores gastam menos energia tentando proteger sua imagem ou evitando conflitos. Isso libera recursos mentais para o trabalho criativo e colaborativo.
- Aumento do Engajamento: Em um ambiente onde as pessoas sentem que suas contribuições são valorizadas, elas tendem a se envolver mais profundamente com suas tarefas e a colaborar com os colegas.
Além disso, a segurança psicológica influencia diretamente a percepção do “desenho do trabalho”. Quando os indivíduos têm liberdade para moldar suas tarefas e propor melhorias, eles percebem maior controle e propósito no que fazem, o que potencializa o engajamento e o desempenho.
Como promover a segurança psicológica?
A criação de um ambiente seguro psicologicamente exige ações deliberadas por parte dos líderes e da organização como um todo. Algumas práticas incluem:
- Liderança inclusiva: Líderes devem demonstrar abertura, incentivar a participação e valorizar as contribuições de todos os membros da equipe.
- Aceitação do erro: Criar uma cultura onde os erros são vistos como oportunidades de aprendizado, não como falhas irreparáveis.
- Comunicação transparente: Garantir que todos os colaboradores entendam as mudanças, o motivo delas e o impacto esperado.
- Reconhecimento e feedback: Oferecer reconhecimento genuíno por iniciativas positivas e feedback construtivo em situações desafiadoras.
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